Quais são os Orixás?
são divindades de povos africanos incorporadas por muitas religiões brasileiras de matriz africana. São associados a forças da natureza, ancestrais divinizados ou energias divinas. Alguns dos orixás mais famosos são: Xangô, Exu, Iemanjá e Iansã, apesar de existirem muitos outros.
Candomblé, umbanda, casas de Ifá, batuque gaúcho e tambor de mina são alguns exemplos de religiões que acreditam nos orixás, e cada uma tem o seu entendimento próprio sobre essas divindades. Por exemplo, no candomblé, os orixás estão diretamente ligados à ancestralidade e são seres pessoais; já na umbanda, a compreensão dos orixás se dá de uma forma mais energética e com o caráter de ancestralidade menos central.
Para descobrir seu orixá, existem vários métodos, a depender da religião em que se está inserido. Via de regra, são realizadas consultas oraculares que seguem tradições de milhares de anos, ensinadas aos sacerdotes e sacerdotisas após anos de prática religiosa
Quantos orixás existem?
Determinar a quantidade de orixás existentes é uma tarefa bem complicada, pois isso depende da região em que se está. Estima-se que existam centenas de orixás na África, alguns relatos falam em 150, e outros em mais de 400, mas a maioria deles não foi trazida para o Brasil.
No Brasil, a quantidade pode variar entre 20 e 30 orixás cultuados, isso pode depender das tradições e regras da casa em que se está. É importante lembrar que existem várias religiões que cultuam orixás, como o candomblé, a umbanda, o batuque gaúcho, a quimbanda, as casas de Ifá, entre outras.
Também é necessário dizer que existem nações do candomblé que cultuam entidades com outros nomes, como os inquices, trazidos pelos povos bantos, e os voduns, trazidos pelos povos euê-fom.
Segundo Marcelo Marques, ogã de candomblé e dirigente do Quilombo Cultural Orum Aiyê, em Goiânia, ainda podemos falar das qualidades dos orixás. Ele dá o exemplo de Xangô:
“Não existe um Xangô só, existem milhares de Xangôs e existe Xangô nas suas qualidades. A cosmovisão é totalmente politeísta, não existe unidade em nada.
Ou seja, ao mesmo tempo, ele é um e vários, porque Xangô tem as características de Xangô, mas Xangô Agodô, mesmo com as características de Xangô, é um Xangô mais velho, então ele tem características que trazem a velhice de Xangô.
Da mesma forma, o Aganju é um Xangô mais novo, ele é um rei, um soberano. Não é um Xangô menino. Tem ainda o Xangô mais jovem, quando ele é menino, aí ele vai ter características que envolvem isso. Então todos eles são Xangôs e todos são qualidades de Xangô.”
De acordo com a sacerdote da Comunidade Egbe Agboniregun, os orixás mais cultuados no Brasil são:
Divindades primordiais: Èsú.
Água: as Iyabas — Yemonja, Osún, Obá, Oyá, Ajé Salunga.
Comunidade da caça: Ògún, Òsóòsì, Lógun Ède, Òsányin.
Fogo: Sàngó
Terra: Obaluaye, Nanan Buruku, Onílè.
Ar: Obatálá.
- Exu:
Exu é um orixá essencial e um dos mais antigos do panteão do orixás.
Também chamado de Legba, Eleguá ou Bará, Exu é o orixá do movimento e da comunicação. É ele quem estabelece a comunicação dos humanos com os orixás, por isso é conhecido como o mais humano dos orixás. Dentro da maioria das religiões de matriz africana e africanas, antes de qualquer trabalho ou ação de maior importância, é necessário prestar oferendas a Exu para que a empreitada dê certo.
Exu é o orixá mais complexo de se compreender, ele é um dos primeiros a ser criado por Olodumarê (em algumas histórias, ele sequer foi criado, mas sempre existiu), e a vida só é possível por conta de sua existência, pois tudo que se move ou se comunica precisa de Exu para existir. Várias parábolas e histórias nos ajudam a compreender quem é Exu.
Uma delas diz que Exu matou um pássaro ontem com a pedra que apenas hoje jogou, uma outra diz que ele transporta o azeite em uma peneira sem que uma gota sequer caia. Uma terceira metáfora diz que Exu sentado bate a cabeça no teto, porém, em pé, não alcança nem o fogareiro.
Exu é, também, o orixá do impossível, no sentido de que ele não obedece à lógica que conhecemos. Ele é associado à fertilidade, tanto das plantações como dos seres humanos.
Exu também tem a função de guardião, ele é quem protege as casas, os mercados, os corpos e os caminhos. Muitas vezes, ele é associado, erroneamente, ao diabo cristão, mas Exu não tem nada a ver com a figura de Lúcifer, ele não é um opositor de Deus, nem algo que tenta destruir a humanidade.
Esse sincretismo tem diversas explicações, uma delas se origina ainda nos rituais praticados pelos negros escravizados no Brasil. Eles pediam justiça e proteção a Exu contra os senhores brancos, que interpretaram esses pedidos de socorro como invocações do mal, já que as ações eram dirigidas contra eles. No entanto, eram eles quem estavam escravizando e atacando os povos africanos, que, por sua vez, se defendiam com o que tinham, a religião.
As cores de Exu são o preto e o vermelho, e seu cumprimento é “Laroyê Exu”.
- Odudua:
Monumento a Odudua que marca o ponto conhecido como seu lugar de descanso final.[2]
Segundo Pierre Verger, em seu livro Os orixás, Odudua é mais personagem histórico do que orixá. Foi um guerreiro e fundou a cidade de Ifé.
Odudua teria se tornado objeto de culto após sua morte, mas dentro do culto aos ancestrais e não às divindades. Muitas teorias trabalham diversas versões de Odudua, mas uma das suas características recorrentes, quando tratado como orixá, é sua associação com a terra e o surgimento do mundo.
A cor de Odudua é o branco (mas há registros do uso do preto) e seu cumprimento é “Oba orum Oduduwa”.
- Olodumarê:
Olodumarê é o deus inicial da criação para as tradições associadas ao candomblé.
Também chamado de Olorum, Zambi ou Olofim, Olodumarê é o princípio e o destino, a criadora de todos orixás, divindade suprema de muitas culturas africanas que moldaram o candomblé e a umbanda no Brasil. Ela fica no Òrun, enquanto, nós, humanos, estamos no Aiyê; Òrun seria o mundo metafísico, e Aiyê, o plano físico da existência.
Existe, ainda hoje, um debate sobre o gênero atribuído a Olodumarê, pois existem itãs que a tratam no masculino assim como no feminino. Há, ainda, uma terceira opinião, que considera Olodumarê como um ser fora dos padrões binários de gênero (nem masculino, nem feminino), justamente por preceder à criação do mundo.
Olodumarê não mantém contato direto com os humanos, apesar de, em alguns itãs, ter sido ela quem lhes “soprou a vida”. Ela resolve muitas contendas que acabam aparecendo entre os orixás e detém o axé (asè), conceito complexo que pode ser definido como poder de realização ou força vital.
- Ogum:
Ogum é um orixá famoso no Brasil e associado à guerra e ao trabalho.
Ogum é o orixá da guerra, da tecnologia e do ferro. Todos os trabalhos que utilizam os metais fazem parte da energia de Ogum, desde guerreiros e agricultores até os modernos técnicos de informática.
Ogum é um orixá civilizatório, no sentido de estar relacionado com as atividades que permitem o desenvolvimento tecnológico dos humanos. Um de seus itãs conta:
“Cultivou a terra e plantou fazendo com que dela o milho e o inhame brotassem em abundância. Ogum ensinou aos homens a produção do alimento, dando-lhes o segredo da colheita, tornando-se assim o patrono da agricultura.
Ensinou a caçar e a forjar o ferro.” A cor de Ogum é o azul e seu cumprimento é “Ogunhê Ogum”.
- Oxum:
Oxum é uma orixá associada à beleza e à força feminina.
Oxum é a orixá das cachoeiras, dos rios, do amor, da beleza e dos metais preciosos. Oxum é muito associada à fertilidade, à força feminina e à conquista de riquezas.
Uma de suas histórias conta sobre uma grande seca que caiu sobre a Terra e que, por isso, todos os orixás tentaram trazer a chuva por meio de suas magias e suplicando a Olodumarê. Contudo, nenhum deles obteve êxito ou foi atendido, até que Oxum se ofereceu para resolver o problema, mas todos caçoavam-na, pois a consideravam fraca.
Oxum transformou-se em um pavão, e todos riram novamente, pois uma ave tão delicada não voaria até a altura de Olodumarê. Oxum ignorou a todos e se pôs a voar, voou, e suas penas começaram a queimar, mas ela persistiu e continuou voando, sua cabeça perdeu completamente as penas e as demais do corpo queimaram até ficarem da cor do carvão.
A ave que, outrora era bela e colorida, havia se transformado em um urubu careca e de penas escuras, resistindo até chegar a Olodumarê e contar sobre a seca. Olodumarê se compadeceu dos esforços de Oxum, que abriu mão de sua beleza para ajudar aos outros (que há pouco zombavam dela), e enviou a chuva para acabar com a seca.
A cor de Oxum é o dourado e seu cumprimento é “Ora iê iê ô Oxum”.
- Oxumarê:
Oxumarê é a serpente do arco-íris. Ele representa a união do céu e da Terra. É muito associado às transformações e aos ciclos da vida.
Representação em escultura de Oxumarê.[4] Acredita-se que seja uma divindade muito antiga e que participou da criação do mundo enrolando-se em volta do planeta e dando forma a ele. Oxumarê é representado por uma cobra que morde a própria cauda, ele é a mobilidade e a atividade. Uma de suas atribuições é produzir o movimento.
Um itã seu conta: “Um dia Olodumarê contraiu uma moléstia que o cegou Chamou Oxumarê, que da cegueira o curou. Olodumarê temia, entretanto, perder de novo a visão e não permitiu que Oxumarê voltasse à Terra para morar. Para ter Oxumarê por perto, determinou que morasse com ele,
e que só de vez em quando viesse à Terra em visita, mas só em visita. Enquanto Oxumarê não vêm à Terra, todos podem vê-lo no céu com sua faca de bronze sempre se fazendo arco-íris para estancar a chuva.” As cores de Oxumarê são o verde e o amarelo e seu cumprimento é “Aoboboí”.
- Ossaim:
Representação de Ossaim em escultura. Também chamado de Ossain ou Ossanha, Ossaim é o orixá das plantas medicinais e litúrgicas. Detentor da cura e das ervas medicinais, possui um lugar de destaque, pois todos os ritos precisam utilizar plantas específicas para sua realização.
É muito associado à manutenção dos segredos, pois conhece as ervas e as palavras ritualísticas como nenhum outro orixá. Um dos seus itãs conta: “Ossaim distribuiu folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem.
Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossaim não conta seus segredos para ninguém, Ossaim nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os orixás ficaram gratos a Ossaim
e sempre o reverenciam quando usam suas folhas.” Ossaim, muitas vezes, é representado com uma perna só e sendo capaz de se locomover por um redemoinho. Essas características estabelecem sua relação com a história folclórica do saci-pererê.
As cores de Ossaim são o verde e o branco e sua saudação é “Ewé ó, ewé ó”.
- Xangô:
Xangô é um orixá imponente associado ao trovão e ao poder. Xangô é o orixá do fogo, do trovão e da justiça. Historicamente, Xangô foi um dos reis de Oyó, cidade africana próspera e vencedora de muitas batalhas.
Xangô carrega consigo o osè, um machado de ponta dupla, e é associado à realeza. Orixá belo e imponente, teve três esposas, Oyá (Iansã), Oxum e Obá. Ele também é filho de Iemanjá. Xangô é justiceiro, viril e pode ser violento. Ele castiga mentirosos, ladrões e malfeitores. Um itã seu conta:
“Xangô ganhou a guerra. Os chefes inimigos que haviam ordenado o massacre dos soldados de Xangô foram dizimados por um raio que Xangô disparou no auge da fúria. Mas os soldados inimigos que sobreviveram foram poupados por Xangô.
A partir daí, o senso de justiça de Xangô foi admirado e cantado por todos.” A cor de Xangô é o vermelho e sua saudação é “Kaô Kabecilê”. Para saber mais sobre Xangô, clique aqui.
- Iansã:
Representação da orixá Iansã. Iansã é a orixá das tempestades, dos ventos, dos raios e é responsável por realizar a passagem dos mortos para o Òrun (mundo espiritual). Ela é a primeira mulher de Xangô e anteriormente era companheira de Ogum.
Um dos significados atribuídos ao nome Iansã é “aquela que foi mãe nove vezes”, o surgimento desse nome é associado a várias histórias. Uma delas conta que Oyá era infertil, mas que, após oferecer um carneiro como oferenda, se tornou mãe de nove filhos.
A sua ligação com a passagem dos mortos é explicada no surgimento do rito funerário do axexê. Um itã seu conta: “Um dia, a morte levou o pai de Oyá, deixando-a muito triste A jovem pensou em um jeito de homenagear seu pai
Reuniu seus instrumentos enrolou-os em um pano Preparou suas comidas preferidas Dançou e cantou por sete dias, espalhando por toda parte, com seu vento, o seu canto, fazendo com que se reunissem no local todos os caçadores da terra.
Na sétima noite, acompanhada dos caçadores, Oyá embrenhou-se na mata e depositou ao pé de uma árvore sagrada os pertences de seu pai. Olodumarê, que tudo via, emocionou-se com o gesto de Oyá e deu-lhe o poder de ser a guia dos mortos no caminho do Òrum
Desde então todo aquele que morre tem seu espírito levado por Oyá. Antes, porém, deve ser homenageado por seus entes queridos numa festa com comidas, cantos e danças. Nasceu assim o funerário ritual do axexê.” A cor de Iansã é o vermelho e sua saudação é “Eparrei Oyá”.
- Iemanjá:
Iemanjá é uma orixá associada à figura da mãe. (Créditos da imagem: Brasil Escola | Paulo José Soares Braga) Iemanjá é a orixá do mar, seu nome deriva de Yèyé omo ejá, que significa “mãe dos peixes”. Originalmente, na África, ela é filha do orixá do mar, Olokum (considerado um deus no Benim e uma deusa em Ifé). De todo modo, no Brasil, Olokum quase não é conhecido, e Iemanjá assumiu esse lugar.
Ela é uma orixá muito antiga e também considerada a grande mãe, dona das cabeças. É amorosa, cuidadosa, porém forte e protetora, assim como o mar. Um itã seu conta como ganhou o direito sobre todas as cabeças:
“Dia houve em que todos os deuses deveriam atender ao chamado de Olodumarê para uma reunião. Iemanjá estava em casa matando um carneiro, quando Exu chegou para avisá-la Apressada e com medo de se atrasar e sem presentes para Olodumarê
Iemanjá levou a cabeça do carneiro como oferenda. Ao ver que somente Iemanjá trazia-lhe um presente, Olodumarê declarou: ‘Awoyó orí dorí re’ ‘Cabeça trazes, cabeça serás’ Desde então Iemanjá é a senhora de todas as cabeças.”
A cor de Iemanjá é o azul e sua saudação é “Odoyá Iemanjá”. Para saber mais sobre Iemanjá.
- Nanã Buruku:
Nanã é um dos orixás primordiais, sendo a orixá que forneceu o barro para a criação dos humanos após Oxalá tentar fazer as pessoas de vários materiais que deram errado. Ela é representada por uma senhora sábia que caminha devagar e veste roxo.
Representação de Nanã Buruku. Ela também é associada às águas, mas não às do mar, como Yemanjá, nem às do rio, como Oxum. Suas águas são as lamacentas e paradas dos pântanos. Nanã Buruku representa os segredos da vida e da morte, a sabedoria das mulheres antigas e a força da ancestralidade.
A cor de Nanã é o roxo e sua saudação é “Salubá”.
- Omulu:
Omulu (filho do Senhor), Obaluaê (rei dono da Terra) e Xapanã são os nomes do orixá das doenças e da cura. Ele é filho de Nanã, mas foi criado por Iemanjá. Seu culto e o de Nanã têm indícios de terem precedido ao de outros orixás, pois os sacrifícios feitos em seus rituais não utilizam o ferro, o que indicaria que foram desenvolvidos antes da chegada de Ogum.
Um de seus itãs conta sobre sua relação com a doença e com a cura: “Um dia chegou ao Daomé, onde reinava um cruel tirano. O rei sem coração estava morrendo de peste. Todos já sabiam que a peste e Xapanã eram a mesma coisa. O rei mandou que levassem Xapanã a seu palácio.
Ao ver Xapanã, o rei prostrou-se a seus pés e pediu perdão por todas as suas atrocidades. Xapanã fez oferendas e Olofin mandou a chuva. E a chuva cavou um buraco aos pés do governante e o buraco tragou todas as más ações do enfermo rei O rei foi curado de seus males.
Xapanã foi adorado e respeitado nas terras do Daomé, onde é sempre precedido por Exu. Lá ele ocupa lugar importante no tabuleiro de Ifá. Lá Xapanã foi chamado Obaluaê, o senhor da Terra.” As cores de Omulu são o ocre das palhas e o preto e sua saudação é “Atotô”.
- Obá:
Obá é uma orixá guerreira, ela é a dona das águas revoltas e uma das mulheres de Xangô. Assim como as outras duas, foi mulher de Ogum anteriormente. Ela ficou conhecida por ser melhor que os orixás masculinos em batalha.
Um itã conta que ela já havia desafiado e derrotado grandes orixás, como Oxalá, Xangô e Orunmilá. Até que ela desafiou Ogum, que, ciente da habilidade da guerreira, consultou-se com um sacerdote, que lhe disse para deixar o chão escorregadio antes da batalha. Ogum assim o fez, e apenas por isso conseguiu derrotar Obá.
As cores de Obá são o vermelho e o branco e sua saudação é “Obá siré”.
- Logun-Edé:
Logun-Edé é o príncipe dos orixás e filho de Oxum com Oxóssi (em algumas histórias, seu pai é Obatalá), mas foi criado por Ogum e Iansã. É um orixá caçador, pescador e muito associado à beleza e às artes, ao mesmo tempo que possui relação com a guerra.
No Brasil, foi atribuída a ele uma figura jovial, bem representada pelo seguinte ditado: “Logun-Edé é o santo menino que velho respeita”. Por haver itãs em que Logun-Edé passa seis meses com a mãe e seis meses com o pai, ele carrega, além da própria identidade, as características de seus genitores.
Logun-Edé, na África, é também representado como um príncipe guerreiro, eficaz, de idade adulta e do sexo masculino. Ele tem as características de Ogum e Oxóssi, sem perder a sua ligação com Oxum, outro ditado sobre Logun-Edé é que ele “dança como luta e luta como dança”.
As cores de Logun-Edé são o azul e o amarelo e sua saudação é “Loci loci Logun”.
- Ibejis:
Os Ibejis são dois irmãos gêmeos, representados ainda na fase infantil. São os orixás da alegria, da inocência e das crianças. Conhecidos pela sua astúcia, são dois dos únicos a derrotarem Exu em um desafio. O itã conta que Exu foi a uma aldeia, desafiou a todos os guerreiros e os venceu. Os Ibejis ficaram sabendo do grande feito e se prepararam para pregar uma peça em Exu.
Um dos gêmeos ficou na estrada esperando Exu, e o outro se escondeu na mata. Quando Exu passou, um dos Ibejis o chamou para um desafio no tambor, ele tocaria e Exu dançaria. Quem se cansasse primeiro, perderia. Exu aceitou o desafio e eles começaram.
Entretanto, quando um Ibeji se cansava, ele trocava de lugar com o outro sem que Exu percebesse. Assim eles foram se alternando, até o orixá do movimento se cansar e desistir. As cores dos Ibejis são o verde, o azul e o rosa e sua saudação é “Bejiróó! Oni beijada!”.
- Orunmilá:
Orunmilá é uma divindade oracular associada ao destino e ao conhecimento. De acordo com Marcelo Marques, dirigente do Quilombo Cultural Orum Aiyê, Orunmilá é um orixá e mensageiro de Olodumarê, é a testemunha que conta tudo que Olodumarê fez na criação do Universo.
De acordo com a tradição, Orunmilá foi o chefe conselheiro de Odudua. Ele é considerado a testemunha de todos os destinos.
Orunmilá tem a permissão e os conhecimentos necessários para consultar o oráculo. Em inúmeras histórias, ele é quem aconselha os orixás e os ajuda a conquistarem o que desejam ou a se protegerem de ataques.
As cores de Orunmilá são o verde e o amarelo e sua saudação é “Òrúnmìlà Olúwa Ifá nípá mo pè”.
- Ajé Salunga:
Orixá da riqueza e da prosperidade. De acordo com a sacerdotisa Mariana de Oxumarê, apesar de estar associada ao dinheiro, Ajé Salunga não pode ser comprada nem convencida por grandes oferendas. Ela olha a persistência e as ações de quem lhe pede ajuda.
As cores de Ajé Salunga são o verde-claro e o azul e seu cumprimento é “Ajé o Ajé o”.
- Onilé:
Onilé é a orixá da Terra. É filha de Olodumarê e representa a origem de toda a vida bem como seu destino final.
Um itã seu conta como ganhou o domínio sobre a Terra. A história diz que Olodumarê deu uma grande festa e pediu que os orixás se arrumassem da melhor forma possível.
Todos foram vestidos da melhor forma que conseguiram, Oxóssi se cobriu de peles e de plantas; Iemanjá, de conchas e espuma do mar; Ogum vestiu uma armadura reluzente; Oxum se vestiu das águas do rio, e assim por diante. Menos Onilé, pois ela entrou em uma cova profunda e lá ficou.
Quando Olodumarê foi dividir o mundo com os orixás, deu a cada um o domínio sobre aquilo que vestira. Como Onilé havia demonstrado humildade e se escondido dentro da terra, foi dado a ela o direito sobre tudo que há sobre a Terra.
As cores de Onilé são o branco e o marrom e sua saudação é “Ibá Onilé”.
- Irôko:
Segundo mãe Stela de Oxóssi, Irôko é o orixá-árvore, também chamado de Loko ou até mesmo de tempo. Em uma de suas histórias, ele é a primeira árvore do mundo e guarda grandes segredos e mistérios. Dessa forma, Irôko é associado à ancestralidade e ao tempo.
As cores de Irôko são o marrom e o verde e seu cumprimento é “Ìrókò iná iso èro”. Leia também: Intolerância religiosa — a forma de preconceito por causa da religião
- Função do orixás:
Cada orixá tem uma função específica, mas todos são associados à sobrevivência e ao estabelecimento das sociedades humanas. Desenvolvimento tecnológico (Ogum), medicina (Ossaim), justiça (Xangô), arte (Oxumarê), alimentação (Oxóssi) são alguns exemplos das funções que os orixás podem assumir.
Além do caráter comunitário e social das funções dos orixás, há, também, a perspectiva pessoal, pela qual os orixás ajudam os seus filhos a trilharem os seus caminhos, a viverem boas vidas e a serem a melhor versão de si mesmos.
A sacerdotisa Olori Iyánìfá Ifásèyé Odúsòlá Oládèyì Awólólá afirma sobre as funções do orixás:
“Òrìsàs, ainda que, em nossa existência, todes os seres humanos possuam ÒRÍ como sua divindade preexistente principal, os Òrìsàs são como tutores em nossa caminhada na Terra. Servindo de modelos para nossa trajetória comportamental e individual.”
- Orixás na umbanda:
A umbanda é uma religião brasileira de matriz africana que trabalha com orixás e entidades. Ao questionarmos pai Pablo de Ogum sobre quais orixás são cultuados na umbanda, ele afirmou que isso pode variar de casa para casa.
Ainda de acordo com o pai Pablo de Ogum, os orixás na umbanda não possuem o status de deuses, mas sim são manifestações divinas de um Deus supremo.
- Orixás no candomblé:
A forma como o candomblé foi desenvolvido favoreceu o surgimento de várias compreensões diferentes sobre a religião. Os africanos escravizados no Brasil vinham de vários lugares diferentes do continente e trouxeram consigo diversos conhecimentos e culturas.
Essa pluralidade de visões de mundo teve os seus reflexos no candomblé. Um exemplo disso é a quantidade e a forma como os orixás são cultuados, o que pode variar de casa para casa.
Contudo, é possível dizer que, no Brasil, o candomblé cultua de 16 a 20 orixás, com os mais recorrentes sendo: Exu; Ogum; Oxóssi; Logun-Edé; Xangô; Oxumarê; Obaluaê; Ossaim; Oxalá; Oxum; Ibejis; Yemanjá; Nanã; Obá; Iansã; Ewá.